Penumbra antes do sol

[Escrito em 30 de setembro. Publicado em 03 de outubro]

Não há noite que dure para sempre. Uma hora o sol a de brilhar, mas antes da luz desinfectante vem a fraca penumbra.

É o que vemos hoje no promissor acordo guela-abaixo forçado por Donald Trump contra a vontade das partes envolvidas: não é luz, não é definitivo e pode voltar a escuridão rapidamente.

Mas é penumbra.

E já é bom ou menos ruim. Dá pra sair de casa sem ter que tatear no escuro.

Uma paz forçada é e sempre foi a única opção para dois beligerantes envoltos em guerra total. Totalen krieg não é uma posição estratégica, mas um estado mental psicótico só interrompivel por exaustão.

Estava atrasada essa exaustão. Parece que chegou quando o ataque ao Qatar falhou.

Eu já havia desistido de prever desenvolvimentos importantes sobre Gaza. A lógica ali desapareceu dia muito. A própria roda da história parece senão quebrada, pelo menos bem atrasada.

Chega um ponto que termina o trabalho do analista, porque não há nada para se analisar.
Nada o que se explicar: as cabras morrem porque o sangue jorra. Só isso.

Cabe aos grandes líderes mostrarem o caminho quando ninguém mais vê. Verdade. Mas quando tudo está escuro e parado, até mesmo um bobo mal-parido algo de bom faz por pelo menos se mexer: é o fim do cipozal.

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