Conflito eterno de uma mente sem abrigo

Campainha-azul, minha versão de manuelzinho-da-crôa

É a pino o sol e a peleja arde no debaixo, flagelando o sertanejo e o jagunço. Até que em vistas surge um manuelzinho-da-crôa canelando na sombra boa de um galho dedado, e mesmo que por átimo pequeno, do açoite os homens se esquecem. O manuelzinho-da-crôa muitas vezes já sentivi e cada lembro das diferentes cores, andamentos e voamentos. Porque ave essa que Diadorim tanto admirava, pássaro não era em si o de voar ou bicar, mas o jeito de ser e um ser visto que não se barrava só nos olhos, senão no sentir daquilo que tu se procura não achas, vez que um, paz só pode sentir quando do contraste da guerra que era alta e de repente se recolhe, na serenidade daquela avezinha em balé de graça alheio à baleira.

Avezinha de cantarilhar ecoado, que quase não se ouve e quando sim é forma diminuta no quadro de guerra à frente. Há que se esquecer do chumbo, do aço e do sangue e vistas cerrar em pontinho azul e amarelo na árvore. A pois que a beleza está nos olhos de quem a vê e o amor no coração de quem o sente, e  o senhor atente haver cercado por este universo indiferente um manuelzinho-da-crôa em cada microcosmo de candura, sustenido pelo sentiver aquilo que abrigo nos dá. Assim estando em guerra, abrigo próprio nosso erguemos ao escolher conscientemente parte dos perigos não ver. Era assim e somente assim que paz Diadorim conhecia, e de Bettancourt Marins não somos diferentes.

Por mim tenho que bem-vinda seja a morte, quando tudo aquilo que nos resta é a memória do que nos falta. É quando vemos revoada de milhares mas nenhum manuelzinho-da-crôa avistamos, sendo o não-guerrear o único e último abrigo à encontrar porque nenhum perigo mais conseguimos ignorar. Nem mesmo o perigo da paz, sendo esta tomada por outro nome da quietude antes do estouro.

Quando no quieto estou, ocupa-me à destruição que virá a frente. Mas quando na destruição estou, esqueço-me do quieto.

É o tormento de uma mente manuelzinho-da-crôa não encontrar, porque dos perigos a si própria não consegue cegar. Dado o cosmos ser criação precedida de destruição, todas indiferentes a qualquer desenhado que tu possas chamar de fé, merecimento ou lógica. A natureza só conhece o dois mais dois e o pi, que não se constituem em figuras de certo ou errado. E quando o sertanejo aprende a matemática das p-branas e subdimensões, tão alfabetizado está que olha para o fino ar à sua frente e lê-o como se livro denso fosse, paragrafado de histórias quânticas, todas num ciclo perpétuo de criação e destruição. 

 Queria mais é ser analfabeto.





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